Friday, January 26, 2007

[blood] menina

- "Para o centro por favor"
E assim fui ao som de uma música qualquer tocada num rádio de um taxi igual a todos os outros, uma música qualquer, porque estava surda e só ouvia a tua voz.
o motorista seguiu, fumando, após pedir para tal, um sg ventil. como se me importasse que ele fumasse seja o que for, como se o unico cheiro que me interessasse não fosse o da tua pele.
e cheguei, e pela primeira e ultima vez a horas.
e vieste. durante uma hora, talvez duas.
tiveste ali comigo, mas sei que estavas longe. nem eu estava ali. eu estava sim contigo mas não ali.

- "Para a Avenida"
- "Sim menina"
Menina, sim já fui, há uns minutos atrás porque ai ainda tinha esperança de menina, menina que sorria. agora e ao som de uma música, que só ouvia amor, concerteza a letra diria mais do que isso. mas eu só ouvia amor.
será porque te amo? será que ainda sou menina que acredita no amor?se assim é então não quero crescer. quero ficar na ilusão que vale a pena. que a viagem de regresso a casa, não seja a ultima que me levou de ti.

[blood] viagem

viajo e chego ate ti,
não me vês,
mas é como se tivesse lá. no mundo do que não existe sem ser em mim [e queria eu que em nós] do que nao tem espaço para ser, mesmo nenhum de nós sabendo o porque de não poder ser.
mas não pode.
invade-me a saudade tua, mesmo antes de partires
e abraço-te.
sem corpo,
apenas com alma [agora vazia]
sem saber decifrar o que sinto [porque é mais facil falar de sentimentos, porque esses não tem cara]
e ves-me partir, quando quem parte és tu. mas não partes em mim.
mas parte-me ver-te partir, destroça-me, como o gelo na caipirinha que ninca chegamos a partilhar.
porque assim derreteu-se a esperança de um dia simplesmente poder ser.
viajo, mas perco a viagem. esta porta já se fechou, e eu não entro.

Friday, January 19, 2007

[skin] lugar

É como se o mundo deixasse de existir.
É como se o tempo pudesse ousar parar. Como se eu ousasse querer parar. Por um segundo apenas. Ou dois. Não mais.
E paro.
E cesso.
E deixo de respirar para te saber ali. Naquele lugar de lugar nenhum. Naquele lugar onde eu sou coisa nenhuma depois de ter tentado ser.
Não há entendimento para as coisas que fazem sentido na ausência total de sentido.
E não as quero falar. E não quero partilhar nada. E não quero dar.
Mas permaneço.
Sem entender nada. Sem saber porquê.
E aceito o que vier sabendo que nunca chega nada que possa fazer sentido. E aí há sentido.
Como?
O silêncio é o lugar onde se devem guardar todas as coisas sobre as quais não se consegue falar.
É aí o lugar onde eu escolho ficar
Nem mais à frente. Nem mais atrás.
Aí.
No lugar onde sobra tão pouco para além das cinzas.
O lugar onde pertenço.

Saturday, January 13, 2007

[skin] ann-iHi-late

I wish you came around and touch me has much has I want you to vanish out of my body.
Your wings are to narrow for my will. Your will is too slow for my time.
Wish you could hear me has much has I wish to keep my inability to speak to you.
You’re the world. You mean nothing to me.
I love every little step you take towards the door. Love the smell of you walking away. Hate the pain that sticks to these walls every time you leave in such a strange silence.
Wish I could caress you has much has I wanted to cause pain by kicking your back.
You can’t help me understand. You can’t hear me ‘cause you never look at me.
Your pain is too deep. I can’t touch it like I could before. Like I could have touched it.
I reach, you take and let go. An instant. A single fragment of time. No more space.
Your wings slowly covering my skin. The one on the ground. Where my soul lays. Not to rest. Not for you to rescue.
Wish you could feel me. Wish I wasn’t so far away from what you are inside.
I can’t show you no hell and no heaven from this body of mine.
Your wings covering my dead skin.
I wish you came around and touch me has much has I want you to annihilate what I’ve been to you.

Friday, January 12, 2007

[skin] Achas que vai começar a chover?

Achas que se eu conseguir chorar vai começar a chover?
Sentes que se eu deixar que o frio termine aqui, pode haver orvalho na madrugada em que te souberes levantar?
Pode haver alguma certeza se eu tentar com a força suficiente?
Já não há terra aqui. As paredes são de aço. Frias como aço. Frio como eu. Nada de orvalho.

Achas que se eu conseguir tocar-te – de novo – o mundo deixa de cair?
Pode a gravidade suavizar a sua força se eu me permitir parar um minuto para tentar respirar?
Queres que deixe de contar os grãos de areia que cedem lugar aos rios para que possas abrir os olhos?
Não há tecto nem paredes. Só folhas secas. Antes do rio cheio de pedras nos bolsos. O rio que se afoga em si. Respira. Não respira.

Achas que devo falar para que abandones a ilusão de que o silêncio é tudo o que resta depois do vazio que sentes?
Consideras a possibilidade de me deixar segredar-te ao ouvido a vontade que sinto de ceder tudo ao desvanecer do dia, no momento exacto em que o crepúsculo é tudo o que pode ser?
Queres que cesse de morrer para poder ser a tua vez de respirar?
As palavras não tiveram espaço para serem coisas. Nem as folhas junto ao rio chegaram a ser. Restou sempre o frio. Aço. Como eu.

Achas que o que me corre nas veias é sexo mastigado na lúxuria do sangue que te escorre nos dedos ou tudo não passou da possibilidade de eu ser um sonho de ti?
Pode o tempo responder às perguntas que sempre foram espinhos e que nunca apanhámos as rosas que não chegaram a nascer na terra que pisámos descalços na plenitude do in(f)verno?
Queres que permaneça delírio teu no espaço reservado ao que te é mais fácil de não querer ver e me abandone no recanto mais profundamente onírico da tua dor?
Crucifixo. Sou o teu crucifixo. E não me olhas. E temes. Só vês o rio e eu cheio de pedras nos bolsos. Eu a nadar contra a corrente fria e inversa ao lugar onde cessaste o caminho. Aço com pedra nos bolsos. Eu.

Pode o sonho sossegar as chagas que te lavram a pele rasgada no vidro que foi tu’alma embaraçada no tremor do vento frio deste in(f)verno?
Achas que se eu te tocar tu sobrevives à investida? Achas que vais saber quando tudo o que vês é a minha vontade de desaparecer deste lugar inteiro?
E começas a pôr-me as pedras nos bolsos. E a chamar o rio. E a sentires o frio que me corre no teu pecado. Que é sangue teu. Que é o sexo teu. Que é o frio de dentro de mim.

Achas que o rio é suficiente? Aço nas pedras. Pedras em mim. Grãos de areia tornada rio que me cobre os pés, que me fecha os olhos, que me deixa cair, que me deixa ficar, que me deixa desaparecer de vez. Em ti. De ti. No teu sangue. No teu pecado. Eu a ser aço. Sempre. Teu lugar reservado ao sonho. Tua pele sagrada no vidro. Minha cegueira crucificada revelada no teu delírio. Minha morte no teu respirar.

Achas que se eu conseguir chorar pode começar a chover?

Monday, January 08, 2007

[skin] cUtTiNg ThRouGh

Cutting through the flesh. Your teeth. A blade. Cutting through.
Still a little bit of blood you haven’t tasted. Still a bit of bone you haven’t broken.
I’ll hide all the wounds.
Don’t make a sound now. I’m still laughing.
You may take the blade again and lock it inside my soul. Again.
I won’t move. Not now. Not anymore.
Don’t stop to feel if I’m breathing or not. No need. I’m going to live forever.
Cut what’s left of my flesh.
I’ll still hide all the wounds.
And I won’t bleed anymore.
Take the blade again. Feel it in your tongue.
It’s time to leave now. After you tasted all my blood.
I’m glad you got here too late.

Friday, January 05, 2007

[skin] e.S.p.E.r.a.

Sempre à espera.
Que mude. Que se altere. Que volte atrás.
Sempre à espera.
Que passe. Que não confunda. Que sossegue.
À espera.
Que não morra. Que renasça. Que cessem as cinzas.
Na espera.
Que seja o lugar. Que permaneça. Que não fuja.
Na espera.
Que permita manter o sonho. Que saceie a sede. Que mantenha o respirar.
À espera.
Que escreva. Que ria. Que seja música.
Espera.
Que retome o caminho. Que respire. Que toque.
À espera.
Que não perdoe. Que não peça. Que não grite.
Sempre à espera.
Que diga. Que revele. Que não tema.
À espera.
Que espere. Que tente. Que confesse.
Sempre à espera.
Que nada suceda depois de tudo.

Tuesday, January 02, 2007

[skin] resolution

I’ll close my eyes for every time the world sees through me
I’ll pretend to be asleep every time a star starts to cry
I’ll be sure to let everything in before I close the windows
I’ll be trying to stay alive by breathing every single piece of air that’s left
I’ll ignore all the signs that make feel dead and create all new things to make me stay close by
I’ll build a house
I’ll keep on dancing
I’ll still with the silence underneath the sound of rain
I’ll begin to believe in something
I’ll start to listen to God and maybe I can begin to speak to who is closer to me
I’ll keep on fighting the world
I’ll keep on facing the waves and standing alone
I’ll keep on listening to the very last breath of all things
In the shadow or in the sun
Through winds and sand storms
I’ll stay sober to feel the whole pain deep inside
I’ll try not to be afraid, even when walking barefoot on fire
I’ll try to stand firm, even in absolute loneliness
I’ll keep on trying. I’ll keep on fixing. I’ll keep on making mistakes.
I’ll keep on staying alive.