Wednesday, September 27, 2006

[blood] fiquei sentada a ver-te sair

Fiquei sentada a ver-te partir.
Nao te disse para ires. Nem disseste que ias.
Não saiste do mesmo sitio. E eu continuei sentada a ver-te ir.
Acendi mais um cigarro. Nada melhor do que o cheiro de um cigarro para te afastar de mim. mesmo querendo eu um iman.
Eu nao disse nada. E tu nao disseste que ias sair.
Disse-te que te amava. Ha minha maneira mas amo-te. Mas não usei as palavras certas. Nem sequer usei das palavras.
Mas tu ias a sair. Mesmo quando me abraçavas estavas na porta de saída. Mas eu amo-te. Mesmo que possas já não me ouvir.

Sunday, September 24, 2006

[skin] devaneio das 20.30h

um qualquer caos feito desencontro no encontro inevitável de uma queda simultânea


viciadissima em Thom Yorke..."this is fucked up, fucked up/this is your blind spot, blind spot" - Black Swan

[blood] beber

Vou beber da chuva. embebedar-me com o cheiro da agua e correr entre as gotas frescas que activam a energia em mim. Desta vez nao vou pensar em acertar. Simplesmente me vou deixar vaguear entre as gotas e se me molhar tanto melhor!

Saturday, September 23, 2006

[skin] - VOLVER - Almodôvar

"Volver"...mais um passo de almodôvar para chegar à obra de arte perfeita. A mensagem é simples - o filme é simples porque a natureza humana, aos olhos de almodôvar, é simples por ser absolutamente natural na sua complexidade - e prende-se com o não resolvido, o não digerido, o não desconstruído...o passado e o seu reflexo incontornável sobre o presente e a sua consequente ameaça perturbadora sobre o futuro. Volver...tudo lo que dejas abandonado se vuelve a ti, siempre. A natureza humana é um tratado de cor como só almodôvar sabe fazer. E o resto, apesar de um pouco prevísivel, é brilhante. Visto ontem, em companhia perfeita!! Girls??

Thursday, September 21, 2006

[skin] m.a.

A distância que vai do lugar onde estou até ao lugar de ti é breve. Sempre foi. Encontras-me sempre que for preciso.

[skin] Parar Aqui

Segura o que resta de mim. Finge que não me deixas partir. Finge que não sabes nem podes deixar. Segura-me no que resta de tudo isto. Não esqueças a primeira letra do meu nome. O resto apaga. Apaga tudo o que restar. Podes mesmo fechar os olhos. Fechar os dedos sobre a palma das tuas mãos. Basta-me que finjas. Nem precisas esforçar-te muito. Não importa. Bastam-me uns segundos. E depois parto. Uns segundos apenas. Depois. Parti. Enquanto finges eu tenho a certeza que existo. Respiro. Sinto. Temo. Perco. É aí que me sei. Lugar nenhum. Lugar suspenso em que tento crer que seguras. Restos. Os restos apenas. O resto que está para além de tudo o que restou. Não importa. Nunca importou. Não te importou. Nunca. Agora sobre os dedos fechados das tuas mãos. Guarda apenas a letra que inicia. Não que isso interesse. Não que importe. Mas é o que basta. Quero fingir que acredito. Preciso. Para reter os restos. Arrasto-me. Apesar do cansaço que sinto cair sobre os olhos fechados. Não os teus. Os meus. O tempo a ser absolutamente nada no seu rigor de ser presente. Hoje. Mais nada. Não interessa nada para além disso. Hoje. Todos os dias a serem o dia de hoje o dia que foi hoje o ontem e o dia que será hoje no amanhã. E não mais que isso. Não ficará espaço suficiente para me veres. Não. Podemos parar aqui. Podes parar de fingir aqui. Hoje. Os dedos sobre as palavras fechadas a certificar o silêncio que chega antes da chuva. Parar aqui.

Wednesday, September 20, 2006

[skin]

O que há no fim de da solidão?
e daí em diante?
e o que resta de duas solidões cruzadas num só caminho?

Sunday, September 17, 2006

[skin] A.G.

Why didn’t you call for me?
How could you leave me standing here when it was so fucking cold?
You can’t say a word…silence is everything you need when you become afraid.
And I keep standing still. And I keep listening to everything that isn’t said…and I drown.
Don’t try to look at me now. It doesn’t matter. It never did matter.
Forget you ever touched me. I’ll forget the taste of your hands searching some kind of soul under my skin. I’ll forget the sound of you breathing in my fingertips. I’ll forget the silence. I’ll forget your pain.
You should let me go now. There’s nothing left here, in this abyss we became.
Nowhere left to go. No words can save us from who we are. At least not now. Not anymore.
Just go.
I’m already far away.

Friday, September 15, 2006

[skin]

tonight´s feeling...

Thursday, September 14, 2006

[skin]

"- Vamos para onde?
- Longe.
- E onde é que isso fica?
- Perto."

(apresentação do filme português a estrear um destes dias - "98 Octanas" de Fernando Lopes. A dar uma espreitadela.)

[skin] summer rain

o retorno é sempre inevitável. anseava-se no ofegar de todos os dias, de todas as noites condenadas à insónia do suor a segurar o corpo na insanidade de mais um correr de horas em que o corpo não sabe parar. a chuva a vir, sem avisar, e a anunciar que o verão está chegar a mais um fim.
uma existência sempre condenada ao limite imposto pelo tempo.
pelo menos hoje o sangue das ruas foi lavado. pelo menos hoje a noite não está condenada à insónia. pelo menos hoje.

Tuesday, September 12, 2006

volta a ti

Volta a ti. Lembra-te daquela gargalhada que te tirou a respiração por minutos.
Por minutos respira como a gargalhada te lembra a volta a ti.
Sente a brisa do vento a despentear-te a seridade que a vida que te obriga.
Obriga-te a viver sem a seriedade dessa mesma vida... sente o cheiro do vento...
Volta a ti. Lembra-te do que és e o porque o és. Deixa que voltes a gargalhar. Permite-te voltar a viver. Porque agora ainda vais a tempo. Porque agora ainda há vento. Porque agora ainda há força para gargalhar.
Volta. Volta a ti. Nos estamos cá para te ajudar a pentear...

[flesh] - A.T.E.S.

Numa planice que desconhecia
e onde o sol tudo aquece e queima...sinto sede...
...Sede de te amar...
Como fogo que me queima e onde já não conheço a chama...
Tudo me acalma, tudo me agita, e sem me debruçar...
Caio...e não me levanto...Caio e deixo-me estar...
Espero e recomeço num abismo de prazer,
perco-me porque me quero perder...
Sinto-te como se estivesses perto...
Sinto-te dentro de mim...
Quebro e solidifico...
Porque não te quero perder...
Fica assim...
Fica por aqui...
Voa para onde eu te possa ver....
Rasga o infinito deste céu que mesmo castanho,
nos mostre sempre a sua pigmentação de Azul...

[skin]

o tempo a atraiçoar a visão e a nitidez a ser o lugar do qual a memória se deixa esvair
um dia para remeter tudo ao silêncio de um qualquer abismo pelo qual se anseia como resposta à dúvida que permanece
desconstruções de estruturas que mais não são do que o prenúncio de morte que vem antes da certeza de que se não vai conseguir chegar
e amanhã tentar de novo falhar de novo tentar mais uma vez

Monday, September 11, 2006

[blood] representações

A representação que fazemos dos outros... O tempo que se perde a catalogar tudo e todos a meter em frascos. Com rotulos. Sim porque não nos podemos esquecer do que gostamos e nao gostamos, o que é bom, o que não está a altura.
Depois ficamos muito escandalizados quando a pessoa que nos pensamos que é X age como Y ou pensa W...e pior sao as pessoas que não eram suposto pensarem sequer...
E o tempo que se perde...porque ha sempre alguem

que tem que ser maior do que outro. Ha que haver os que sao melhores para nos lamentarmos pelas nossas desgraças, e os mais desgraçados para justificarmos o sermos bons e alguem tem que nos invejar! E também temos que ser caridosos de vez em quando, há que dar banho há nossa consciencia... é o circulo vicioso em que nós próprios nos prendemos. é a prisao cujas grades nem um rasgo de luz permitem ver...mesmo quando está tudo tão explicito e mesmo ha nossa frente...

Saturday, September 09, 2006

[blood]

Não havia nem ontem nem amanha.
nem os minutos antes ou a previsão dos depois tiveram lugar neste momento.
As palavras ficaram suspensas, não tanto como as emoções.
Porque ha momentos em que os outros podem esperar.
E o que os outros esperam, diluiu-se como o gelo a derreter em fogo...

Tuesday, September 05, 2006

[skin] pensamento do dia

Hoje entendi o conceito de amor. Ou pelo menos acho que entendi. Não que o tivesse sentido ou sabido em mim de uma forma que se pudesse ter tornado inadiável mas porque o vi nos olhos e nas palavras dos outros.
Se o tivesse sentido em mim, talvez o tivesse compreendido antes. Mas não foi assim. Embora não negue – de todo – a possibilidade de também o sentir, assim, sem ainda ter percebido que possa ser lugar incontornável d(em) mim. Retomando. O mundo é feito de amor. De afecto. De um jogo de dar e receber em que às vezes uma das partes falha e tudo desaba. O mundo inteiro desaba e resta apenas o caos...a desordem...a dor. E constroem-se abismos em torno de chagas que se opta por não deixar fechar porque dói mais encerrar o amor na distância dos gestos e dos confortos do que deixá-lo ficar na suspensão da possibilidade do retorno.
Tudo na vida é uma questão de afecto. E de desafecto. Do estar, do não estar. Do receber, do não dar. De amor e de desamor. Se nao amas, morres – porque sim, ama-se sem se ter a plena consciência desse facto, sem que atribuemos esse nome – e se não és amado, também morres. Tudo na vida é feito de amor. Nasce do amor. E talvez do seu contrário. E se um pólo positivo e um pólo negativo se completam e se torna negativo e dois polos negativos se anulam, então no fim só resta uma coisa: o amor. Um raciocinio demasiado matemático e talvez não muito correcto mas a ideia é essa. Fica tudo aí,. Nesse lugar que o mundo entendeu chamar de amor. Nesse lugar que é planície de afectos e desfiladeiro de desafectos. E onde tudo se resume à palavra e ao gesto. E em que tudo se ganha tão facilmente quanto se perde. E depois disso...depois disso é como se não houvesse lugar a mais nada.

Friday, September 01, 2006

[skin] ...

Agora é certo. Depois disto não há mais nada que possa ser usado contra este corpo. Tudo terminou neste instante que foi o tempo inteiro feito vida até terminar aqui. Não há vento. Não sinto o vento. Queria ter junto dos dedos a certeza e não vejo. A cegueira como lugar único onde eu sou tudo o que resta. Chagas. Fundos negros em que nada mais tem lugar apesar do esforço. Apesar do esforço. O cansaço a ditar as regras do caminho e agora a maré a não ser nada mais do que a imagem tornada memória de uma qualquer fraqueza feita luz num dia em que o fim é tudo o que se poderia desejar. Gostava de poder ouvir nada. Desejei profundamente que o silêncio fosse tudo mas os sons inaudíveis a insistirem ser as peças do caminho que constrói o puzzle. Eu nada. Eu a ser nada. Não tenho mais força nem tolerância. Cheguei ao fim de tudo o que podia ser. A descrença a ser o absoluto de tudo o que se poderia crer. Nada.

[skin] dança

O corpo cede a qualquer coisa que se anuncia como aquilo que resta depois do vazio.
Sente-se -
bem no fundo do lugar nenhum que se tenta tocar -
a necessidade de sair, fechar a porta, remeter tudo ao último gesto antes do silêncio e ignorar a existência do mundo.
Só se ouvem gritos aqui.
Só há exigência aqui.
E depois vazio...
E nada para saber como o lugar em que pode haver o que está antes...em que se pode ouvir sem doer...em que se pode ser sem esconder...o lugar onde o corpo dança e não cede.