Por mais que tentes, não se move. O corpo.
Podes continuar a tentar.
Tens os movimentos presos na angústia das rugas. O tempo talvez não chegue nunca a perdoar quem passa em si.
O desespero marcado no movimento cessado.
Por mais que tentes. E ainda tentas.
After all this time.
A cama a ser lugar único onde a existência finge que se mantém viva. Mas não. Sabes bem que não. É o corpo que to diz. Não.
A dormência a enebriar o que resta dos gestos. E depois, na sensação febril de quem atinge o climax do
delirium, chegas ao fim da questão. Não.
E continuas. O copo a dizer não e tu continuas.
Como se fosse a última réstea de esperança. Como se fosse a última possibilidade.
Como se te sentisses viva.
O tempo não te perdoou depois de tanto tempo. As rugas nas mãos. As mãos no tremor dos dias infindáveis.
O tempo a ser o destino cruel a que, na revolta, te sentes votada.
E não queres cessar o movimento.
Mas o corpo a dizer. Não.