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Eu podia fechar os olhos para não ver os erros à minha frente mas depois não sei se conseguia ver o resto que faz falta. Não sei. Não sei o que faz falta. Só sei quando lhe der pela falta. Mas sei que algo faz falta e que isso não posso deixar de ver. Assim não fecho os olhos. Não coloco as palmas das mãos frias sobre os olhos para poder continuar a sentir. Não. A ver. Para poder continuar a ver. Mesmo que seja uma bala na direcção de mim. Eu vejo. Eu quero sentir. Ver. Quero ver mesmo que isso anuncie que vou morrer a seguir. Posso até morrer a seguir mas não fecho os olhos.
2 Comments:
Olho no focinho o futuro, de olhos bem abertos, olho no focinho o futuro; arregaço as mangas, esbugalho os olhos, fito o olhar, enrijeço os músculos de todo o corpo – por que é que o corpo tem músculos? – e não fecho o olhos. Em cada erro que cometo, em cada vergonha que faço acontecer, em cada desentendimento que desencadeio, em cada escada que fiz o tempo perder-se, em cada sexo onde me desfiz, em cada tudo de nada que vou colhendo e dando, olho de olhos abertos, porque sou eu que sou mais verdade no erro cometido do que na certeza acontecida. PARTIDA: não quer apenas ter este nome, mas ser dono dele. FALTA: o horizonte onde vou adormecer, em cada tarde, onde o sol se põe, dobrado, no meu colo.
lindo!
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