Thursday, October 26, 2006

[skin] -s-

segura-me na mão. quero voltar a sentir o cheiro de ti.
canta para mim. ri-te de novo.
segura-me a mão. a tua ausência é demasiado cruel. às vezes.
fala comigo. ouve-me. fazes-me falta.

Monday, October 23, 2006

[skin] "Paixão Segundo João" de Antonio Tarantino

transferências. esquizofrenia. paranóia. o eu que é ele e ele que é o eu confundidos no fumo de um cigarro eterno a acariciar os olhares. dois homens. dois gritos. um mundo vazio de sentido quando o sentido é tudo o que se precisa para se conseguir fazer sentido. uma sala fria. uma alma em agonia por necessidade de espaço. de respeito. de lugar para ser. um mundo virado do avesso. um mundo que não tem nada de jeito. e magoa.
António Tarantino escreveu "Paixão segundo João". A peça é levada a cena pelos Artistas Unidos, no Convento das Mónicas. A não perder.

Friday, October 20, 2006

[skin] don´t

How do you feel when you feel nothing at all?
How do you sing the emptiness crawling inside?
How do you shout out the pain when it makes you so fucking silent?
You don’t.
You just
don’t.

[skin] escultura

Olhei-me nos olhos do reflexo da chuva e vi o rumo tido como certo.
O rumo a desvelar a certeza dos espinhos a rasgar a carne.
Não há mais barro para esculpir. Só pedra.
As mãos, feridas e frias, já não têm lugar.
Mar alto. A pressão é demasiada sobre a finitude do respirar.
Daqui para a frente não é possível olhar para trás. Não é possível tentar fechar o olhar. A luta será inglória e suada. O rumo não é caminho.
Depois há-de cair um qualquer outro abismo para poder iludir a possibilidade de chegar. De ter chegado.

Tuesday, October 17, 2006

[skin] recomeço

É preciso saber reconhecer o lugar exacto onde lutar deixa de fazer sentido. E nesse lugar é preciso conseguir reconhecer o que resta.

[blood] centro de londres,


E de repente tudo caiu. Ficou o resto do de repente. Porque a tempestade arrasa tudo mas não leva o espírito. No máximo láva-o. Caiem os edificios, derruba-se o espirito.

Todos temos uma tempestade a pecorrer-nos o corpo.
Em todos os bons sitios ha sempre um edificio a cair

Em certos lugares, literalmente!



(foto tirada a partir do autocarro turistico, provavelmente a ser demolido não propriamente por causa de uma tempestaste...)

Monday, October 16, 2006

[skin]

As vozes todas. Nenhum som.
Chuva. Só chuva. Desde madrugada a quebrar o silêncio do pesadelo prolongado no acordar.
Quando começa a doer o mundo deixa de fazer sentido.
As vozes a serem gritos.
A chuva a ser silêncio na tempestade anunciada. E o pesadelo...
"I feel like I am watching everything from space
and then a minute I hear my name and I wake.
I think the finish lines are a good place we could start"


- The Finish LineSnow Patrol

Friday, October 13, 2006

[blood] aqui...

Quero ficar aqui.
Mesmo com a tua ausência fisica,
sinto-te no vento que me pecorre o corpo. E que me faz arrepiar assim como os sentimentos que me pecorrem quando estás perto.
Quero ficar aqui para sempre. Mas um sempre sem principio nem fim.
Aqui estou mais perto de mim e sinto-te mais em mim.
Quero ficar aqui.
como unica luz, as vontades da lua.
fazer das nuvens a cama, e das estrelas o telejornal.
Ir até até ti nos sonhos de olhos abertos.
Sorrir contigo, mesmo que não estejas fisicamente aqui.Simplesmente porque basta-me saber que existes. Que existes em mim...

[blood] fragil

A fragilidade de um sorriso tão forte como aço de plástico.
Um olhar de gente pequena que sofre como gente que nem sabe que não é grande. Mais doce que a doçura dos sonhos de contos de encantar, com quem sonha sem mesmo ouvir falar.
Uma cor pálida, mas mais escura que o carvão ardido.
Passos largos mas não tão grandes como a esperança de uma moeda grande.
Uma moeda que lhe dê a liberdade de ser criança. Ou que simplesmente lhe dê um pão menos duro.
Porque os direitos das crianças de universais, nem as traduções linguísticas tem. Porque ser criança é só para os que nasceram nos tais momentos certos. Porque as bolachas do nody não são para ela, porque esta só tem direito à embalagem apanhada do lixo...

Tuesday, October 10, 2006

Leeds Castle (inglaterra)

[blood] já agora...

Mergulha, aquece-te com o sangue ainda morno. Faz amor com o negro, sobre a campa do que deixaste para trás. Morre se tiver que ser, mas não deixes de te deliciar com as lágrimas secas do que resta de ti. Deixa a dor ser o teu ponto“g” e voa nas trevas do que és.

Sunday, October 08, 2006


Praia de Santa Maria no cair do dia.
Ilha do sal
Cabo Verde
2006

Friday, October 06, 2006

[skin]

percorro-te as feridas na língua e sinto o sal a queimar.
coloco as pontas dos dedos no contorno do sangue e sinto-te cair. seguro-te no momento em que o tempo se esvai e o sentido se perde quase como que irremediavelmente.
e depois da iminência da queda chega o fragmento do tempo que - ébrio e em nudez absoluta - anuncia a lugar das coisas suspensas em silêncio.


ao som de Atoms for Peace - Thom Yorke