Tuesday, January 15, 2008

[skin] dia

Não posso sentir o mundo enquanto engulo. Não posso pensar em mais nada perante o acto de engolir. Se pensar desvio-me do assunto em causa e posso vir a provocar danos irreversíveis no movimento que lentifico com requintes de dama antiga a caminhar na sombra das árvores despidas. Desvio. Me. Do movimento.

Não posso rir enquanto tiver vontade de correr. Rir seria um acto desastroso para quem intenta fugir sem olhar para trás. Rir é, obviamente, um acto de clara evidência quando se não quer nada mais do que não ser vistouvidosentidoapanhado. Um acto desastroso sem remedeio possível. Por isso jamais poderia exercer o direito ao riso enquanto não completar o acesso de fuga. Depois. Talvez. Desvio. Me.

Não posso esperar enquanto tudo o resto estiver a voar. Em cinzas. Não posso. Esperar. Cheguei ao ponto em que não posso parar e esperar. Esperar não faz sentido porque não há nada a caminho. Desvia. Do. Desviei. Me. Do caminho. Nada. Por isso não posso esperar. Sigo. Desviado.

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