És o último lugar onde eu devia estar. E não consigo ir.
O último lugar onde devia parar. Eu não sei continuar.
Sei que não sou eu o lugar a ser lugar passível de ti e ainda assim não consigo deixar de te dançar na sombra.
Se esticares o braço consegues tocar-me. Será que sabes que conseguias tocar-me? Será que te lembras como me tocar?
Cantei-te na chuva. Anseio que o frio traga a chuva para ter a certeza de que o retorno volta a ser uma possibilidade. Depois de tudo. Depois de ter sido nada. A chuva a trazer-me de volta a mim. E eu parado aqui. Em ti. Na frente de mim que é a sombra do teu andar.
Ouvi-te na noite. Todas as noites. Respirei-te. Nunca parei de te respirar e talvez por isso não tenha sabido partir. Por seres tu a minha possibilidade de respirar.
Ouvi-te em todos os meus passos. Talvez por isso tenha tentado permanecer no lugar que fosse nenhum antes de voltar a ser qualquer coisa, como um limbo deixado na imensidão do tormento agonizante que a solidão se torna quando não nos encontramos dentro de nós mesmos.
Talvez se eu ficar aqui mais um bocadinho. Como sempre. Como todos os dias que se sucedem às noites intermináveis da minha existência ser a que vem no prolongamento da tua.
És o último lugar onde eu devia estar.
E não parto nunca.