Monday, November 27, 2006

[skin]close up

Não há porque mover o tempo no gesto. Não há o que dizer para além do silêncio permanente em que insistimos ficar caídos. Não há nada para ser dito. Nem uma palavra. Nunca entendi porquê. Talvez fosse demasiado fácil. Eu não percebi. Nunca percebi. Mesmo quando me tocavas não tinhas nada para me dizer. E depois o meu corpo caído para o lado direito do chão e a minha alma perdida num qualquer outro lugar que eu não vi. Tu sem veres. Tu sem quereres ver. Do outro lado. De pé. A olhar o espaço que ocupava e veres tudo vazio. Nada. Nunca restou nada de mim em ti. Mesmo quando tentaste olhar-me de frente. Não viste. Não te viste. Permaneceste na ruptura do tempo a tentar iludir a parte do corpo que se mistura com a alma. Falhaste. Eu falhei porque tentei. Não devia. Devia ter-me mantido na distância de mim e não querer saber nada. Não querer ver nada. Mais nada. Porque eu não sou nada e entendo agora que não há lugar. Que nunca tive lugar. As mãos a serem o lugar mais frio que senti. Hoje. E eu a querer respirar e o peito a encerrar contra o muro. Teus gestos todos anunciados na imensidão do tempo que te sabia cair. Senti cada um dos embates contra o precípicio. E tu sem saberes que eu sabia. E eu sem saber que eu sabia. Sem saber como te dizer que sabia. Que sempre soube. Agora já não posso mais.

Monday, November 20, 2006

[skin] please don't let me fall

Is the rest of the world also falling down?
This is no longer a good place to die.

Friday, November 17, 2006

[skin] terminus

Porque manténs essa insistência de me votar ao desprezo? Porque ignoras tudo o que sou, tudo o que posso conseguir ser? Eu na insistência a procurar a resposta. Uma qualquer resposta à razão pela qual me remetes às sombras do que não chega a ser nada. Ainda que meu corpo esteja a cobrir o teu, não vês nada. Mesmo que minha alma seja tudo o que está aquém e além da tua, não vês nada. Eu retorno à solidão das cinzas. O único lugar onde pertenço. Termino aqui.

Sunday, November 12, 2006

[blood] hoje

.....Hoje tive tempo para ti.
Sempre tiveste a dois passos. Mas só hoje tive tempo.
Só hoje vais partir. Talvez daqui a uns meses voltes.ou não. Ou não o digas.
“Mas por favor não te apaixones por lá” – um bafo na nicotina e outro no teu olhar – um corte nas palvaras, espaço ao delirio.
“Mas por favor não te apaixones por lá [porque quando voltares eu estarei cá, na mesma sem tempo, mas decerto à espera que voltes e que me encantes como se o tempo entre nós nunca tivesse exisitdo. Como se fosse possivel. Como és. E como eu te gosto.]....

Tuesday, November 07, 2006

[skin] Demanda

Não procurei por ti. Não hoje. Já não procuro mais. Ceguei. Não sei que dia é hoje. Todos os dias me perseguem. Hoje não. Não sei. Decifro os sinais. Na cegueira. Sei o que resta. Nada. Morro. Sei que não estás. Sei que hoje não procurei mais nada. Nenhum sinal. Contra o muro. Eu contra o muro. Na queda. Não hoje. Desconstruo o aniquilamento. Hoje. Não resta mais. Nada.

Thursday, November 02, 2006

[skin] Asma

A pele a morrer na certeza de que nada mais havia a tentar.
O corpo na suspensão da agonia.
A vontade na incerteza da vertigem.
O fim anunciado no desenho da cicatriz aberta sobre as mãos.
O sangue a decretar o silêncio como lugar de absoluta solidão.
Mais nada a tentar.
Não respirar.