[skin]close up
Não há porque mover o tempo no gesto. Não há o que dizer para além do silêncio permanente em que insistimos ficar caídos. Não há nada para ser dito. Nem uma palavra. Nunca entendi porquê. Talvez fosse demasiado fácil. Eu não percebi. Nunca percebi. Mesmo quando me tocavas não tinhas nada para me dizer. E depois o meu corpo caído para o lado direito do chão e a minha alma perdida num qualquer outro lugar que eu não vi. Tu sem veres. Tu sem quereres ver. Do outro lado. De pé. A olhar o espaço que ocupava e veres tudo vazio. Nada. Nunca restou nada de mim em ti. Mesmo quando tentaste olhar-me de frente. Não viste. Não te viste. Permaneceste na ruptura do tempo a tentar iludir a parte do corpo que se mistura com a alma. Falhaste. Eu falhei porque tentei. Não devia. Devia ter-me mantido na distância de mim e não querer saber nada. Não querer ver nada. Mais nada. Porque eu não sou nada e entendo agora que não há lugar. Que nunca tive lugar. As mãos a serem o lugar mais frio que senti. Hoje. E eu a querer respirar e o peito a encerrar contra o muro. Teus gestos todos anunciados na imensidão do tempo que te sabia cair. Senti cada um dos embates contra o precípicio. E tu sem saberes que eu sabia. E eu sem saber que eu sabia. Sem saber como te dizer que sabia. Que sempre soube. Agora já não posso mais.