Sunday, July 23, 2006

[blood] espero-te.

Espero-te.
Preparo-me. Como se ainda fosse a tempo.
Ignoro o que nos afastou e penso em ti.
Aguardo o teu toque na minha pele pálida, que um dia disseste gostar.
Preparo-me para me deliciar com o teu cheiro que um dia já despertou o mais humano de mim.
Revivo o filme dos nossos momentos a dois, e vagueio nas cenas que o tornariam perfeito.
Olho-te como se aqui estivesses. Como se não fosse apenas o nada que ficou.
Anseio por ti como quando te esperava, como ainda tudo tivesse igual aquilo que eu esperava mas que não chegou a se-lo.
Procuro as melhores desculpas para atracar noutro porto e deixar de navegar nos sonhos de te voltar a ter, desta vez sem as cenas deste filme serem interrompidas pelos constantes intrevalos que te fizeram esquecer a parte principal do enredo.
Cheiro-te, sinto-te em mim como se o todo se transformasse em nada e o nada ganhasse sentido num todo que só o nada explica.
Eloqueço num mundo demasiado sério para nos deixar a sós, e espero-te na minha solidão cheia de gente escura como a sombra do meio de um dia de verão...
Seca o verniz, mas a vontade de te ter fica cada vez mais fresca.
Preparo cada pormenor do meu corpo e deixo-o cuidado, como se a vontasse não fosse que a tua passagem por mim deixasse todas as marcas de uma vontadade que ainda não se concretizou.
Olho-me no espelho e espero que também teus olhos me vejam. Tudo como se o tempo não tivesse levado a tua vontade de mim.
Preparo um ritual, dia após dias, na ansia que voltes a mim.
Como se um dia tivesses sido de facto meu.
Como se não passasses de um sonho meu, como se os nossos momentos a dois tivessem sido mais importantes que trocas de qualquer coisa que agora, para ti é nada.
Recrio tudo como se estivesse de facto no momento em que eu existia para ti. Oiço as palavras que não chegamos a dizer, saboreio-te em mim mesmo sabendo que o tempo não nos dá nem mais um segundo de si.

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